Este texto é a reprodução da matéria publicada no dia 08/12/2021 pelo G1, disponível em: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2021/12/08/jacares-vao-parar-nas-ruas-em-cidades-do-sudeste.ghtml
Por Paulo Augusto, Terra da Gente
No Espírito Santo todo ano são dezenas de resgates da espécie papo-amarelo e a previsão é que o número de animais em áreas urbanas aumente nesta temporada.
Calma! Não é em todo lugar que você vai ver uma espécie de Caiman latirostris, o jacaré de-papo-amarelo dando uma voltinha pelas ruas. Mas em algumas cidades do sudeste, como Rio de Janeiro e Vitória, no Espírito Santo, essa cena é bem mais comum do que se imagina e a explicação tem a ver com as estações.
“Os jacarés são animais que utilizam a temperatura do ambiente para regular a temperatura interna. Essa termorregulação está diretamente ligada à atividade dos jacarés. Quanto mais calor no ambiente, mais os animais vão estar ativos”, explica Gabriel Dias, biólogo do Projeto Caiman, do Instituto Marcos Daniel com a ArcelorMittal Tubarão.
Se no inverno o bicho é mais “caseiro”, fica mais na dele, no fim da primavera e no verão, os jacarés “vão para ruas”, na verdade, saem atrás de outras áreas menos competitivas para se alimentarem e se reproduzirem, nessa tentativa de encontrar espaço, vão parar nas vias públicas.
“É um período mais chuvoso. O nível maior das águas aumenta a disponibilidade de áreas para a alimentação e para a construção dos ninhos. Esses animais disputam território com outros jacarés e sofrem também a pressão da caça. Como a espécie vive em locais alagados próximos as áreas urbanas, os bichos vão parar nas cidades”, justifica o biólogo.
“CALORÃO” DEVE AUMENTAR O NÚMERO DE RESGASTES
Em 2019, os profissionais do Projeto Caiman resgataram 49 jacarés em áreas urbanas na região de Vitória no Espírito Santo. Em 2020 os números diminuíram por causa da pandemia. “A gente acredita que o avistamento dos bichos foi menor porque menos pessoas circulavam pelas ruas”, conta Gabriel.
Só que nem começou o verão e já foram feitos 30 resgastes de animais. A expectativa é que esse número aumente ainda mais porque as pessoas voltaram a sair de casa. Outro motivo para acreditar nessa previsão, são as altas temperaturas que vem pela frente. “A gente tá apenas começando o período de maior ocorrência e já registramos muitos casos.
A previsão é que vamos ter um verão intenso, de muito calor e chuvas. Com isso os bichos vão se dispersar mais, as vezes acabam sendo arrastados pelas águas para dentro das cidades”, disse o biólogo.
O que também contribuiu para o aumento no número de resgates nos últimos anos, foi o comportamento dos moradores da capital capixaba. “Antigamente as pessoas batiam no bicho, jogavam pau, pedra, tentavam afugentar o bicho e ele acabava morrendo.
Hoje não, depois de um trabalho de educação ambiental, nós percebemos que muita gente quando vê um jacaré liga para avisar. Em muitos casos, a pessoa fica esperando a gente chegar ao local, acompanha o resgate, conta em detalhes como tudo aconteceu. Percebemos que ao longo dos anos, aumentou a consciência”, conclui o biólogo.
O Projeto Cayman tem 08 anos e já fez mais de um milhão de atendimentos.
“NÃO PERTURBE O JACARÉ!”
Se por acaso você ‘topar’ com um jacaré na rua, a recomendação é simples: não incomode o bicho. “Não tente em hipótese nenhuma pegar o animal, alimentar, ou, afugentar. Se você encontrar um jacaré em situação de risco, o correto é informar ao Projeto Caiman, ou, a Polícia Ambiental, ou ainda, o IBAMA”, explica Gabriel.
Outra recomendação importante: jamais alimente um animal selvagem. “A atitude pode estar muitas vezes, cheia de boas intenções, mas na verdade não ajuda os animais, pelo contrário, temos relatos de pessoas alimentando jacarés com pão e biscoitos, alimentos que passam longe da dieta do animal, isso acaba prejudicando a saúde do bicho. Esse comportamento também aumenta muito o risco de acidentes”, conta Gabriel.
São raros os casos de pessoas sendo atacadas por jacarés dessa espécie. “Normalmente os acidentes ocorrem quando a população tenta pegar, alimentar ou de alguma maneira invade o espaço do animal. A tendência é que o jacaré fuja quando encontre pessoas”, explica Gabriel. Afinal de contas, quem “invadiu” o espaço de quem?
Confira a matéria!
O Projeto Caiman é uma realização:
- Instituto Marcos Daniel; @imdbrasil
- Projeto Caiman; @projetocaiman
Parceira:
- Instituto Últimos Refúgios; @ultimosrefugios
Apoio:
- Prefeitura de Vitória; @vitoriaonline
Texto:
- Paulo Augusto, G1 - Terra da Gente; @pauloaugustojor
Ilustração:
- Fernando Paulino; @inando.bio
Patrocínio:
- ArcelorMittal Tubarão; @arcelormittaltubarao
Fonte:
G1 Campinas - Terra da Gente; @terradagente
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