Hoje conversaremos sobre o jacaré-paguá, ou Paleosuchus palpebrosus e a sua importância no meio ambiente.
O nome Paleosuchus significa “crocodilo antigo". A palavra paleo tem origem no grego palaios (antigo) e suchus vem de soukhos (crocodilo). Ele é considerado um dos menores crocodilianos do mundo. Pode ser chamado por diversos nomes, dependendo da região do Brasil.
MAS, QUEM É O PALEOSUCHUS PALPEBROSUS?
Popularmente é conhecido como jacaré-paguá, jacaré enferrujado, jacaré-anão, pretinho, jacaré do buraco e jacaré-una. Pode atingir de 6 a 7 kg e apresenta uma cor marrom-avermelhada.
O JACARÉ-PAGUÁ E SEUS BIOMAS
O nosso amigo é relativamente abundante e pode ser encontrado em diversas regiões brasileiras, como nos biomas, Caatinga, Cerrado, Amazônia, Mata Atlântica e no entorno do Pantanal. Além do Brasil, também podemos encontrá-lo em outros dez países da América do Sul.
Diferente do nosso “king” Melanosuchus niger (não lembra dele? Confere então a matéria passada!), o maior jacaré brasileiro com os seus “quase” seis metros de comprimento, o P. palpebrosus pode alcançar os dois metros com diferenças no tamanho entre machos e fêmeas que são menores.
O HABITAT DO PALEOSUCHUS PALPEBROSUS
Esta espécie concentra-se preferencialmente na cabeceira de rios e em áreas de florestas alagadas, poças, até em áreas de pastagens e, em baixo número, nos igarapés amazônicos. No Pantanal, observamos a sua ocorrência de forma periférica, próximo a serras. Estes animais possuem forte resistência a baixas temperaturas e estão comumente associados à água corrente, fria e limpa.
Apesar do tamanho reduzido, ele contribui de forma grandiosa para o equilíbrio ecológico nas regiões onde habita. Alimenta-se de cinco categorias de presas: vertebrados terrestres (mamíferos, outros répteis, anuros e aves), pequenos peixes, invertebrados terrestres (aranhas e insetos), crustáceos (caranguejos e camarões) e moluscos.
A ALIMENTAÇÃO DO JACARÉ-PAGUÁ
Em um estudo sobre a dieta desses animais, os moluscos foram encontrados em maior proporção em comparação as outras categorias. Por necessitar de ambientes com água limpa, fria e corredeiras, a presença do P. palpebrosus é indicativo de ecossistema limpo, sendo uma espécie sentinela regiões onde ocorre.
São animais tímidos. O P. palpebrosus pode ser encontrado solitário, aos pares ou em grupos pequenos, diferente de outros primos crocodilianos que podem ser facilmente encontrados em grandes concentrações. Pode também coabitar com outras espécies como Melanosuchus niger e Caiman crocodilus, onde a competição por território e alimento é um desafio.
SEU COMPORTAMENTO QUANDO AMEAÇADO
Mesmo com a grande disparidade entre o tamanho das espécies, não se engane, quando se sente ameaçado, o nosso pequeno Paleosuchus costuma inflar o seu corpo para aumentar o seu tamanho e assim, intimidar de forma mais satisfatória. Também pode emitir uma espécie de assobio de defesa para deixar a mensagem “bem clara” de que não está gostando da interação.
Comunica-se utilizando mensagens sociais através de movimentos, sons, posturas e cheiros. Por ser o “menor carinha” da região, ele prefere micro-habitats em regiões de canais, poças e riachos de floresta.
ÉPOCA REPRODUTIVA
Quanto à reprodução, observou-se na Amazônia colombiana o período de postura entre novembro e março e na Amazônia brasileira, ninhos encontrados em regiões de floresta inundada no mês de outubro. A postura pode variar entre 13 a 22 ovos, sendo encontrados ninhos com diferentes números em diferentes países. As mamães jacaré-paguá podem permanecer cuidando dos filhotes de até 21 meses de vida.
IMPACTOS AMBIENTAIS
A perda de habitat por ações humanas caracteriza um dos maiores problemas para o P. palpebrosus. Atividades de mineração, substituição da vegetação nativa pela agricultura, principalmente soja, algodão, milho e cana-de-açúcar, erosão, poluição por indústrias, desmatamento, represas, urbanização e a caça (apesar do baixo valor econômico da pele pela grande presença de osteodermos), comprometem as populações naturais da espécie.
SEQUÊNCIA: JACARÉS DO BRASIL #2
O P. palpebrosus é o segundo jacaré brasileiro, das seis espécies que encontramos no nosso território nacional. Estamos mergulhando fundo no universo reptiliano, hein? Precisamos estudar mais e mais o sobre jacaré-paguá para garantir que ele não desapareça da natureza.
DADOS NA LITERATURA
Estes animais ocupam uma grande área, porém não temos muitas informações sobre eles. Podemos ajudar suas populações garantindo a fiscalização e proteção das várias unidades de conservação (UC) onde eles ocorrem, desde áreas particulares, governamentais e até Terras Indígenas (TI).
E, não podemos nos esquecer da melhor forma de proteção da nossa fauna e flora: a educação ambiental. Programas de educação ambiental para a população local e de âmbito nacional junto com a fiscalização nos rios e riachos de cada Estado, podem contribuir enormemente para a existência dessa espécie.
ATÉ A PRÓXIMA
Gostou de conhecer um pouco mais sobre o universo dos jacarés do Brasil? Tem alguma dúvida? Manda pra gente! Será um prazer esclarecer tudo para você.
Até a próxima pessoal, ou melhor, até o próximo jacaré.
E tem mais!
Trouxemos um grande especialista para conversar um pouco mais sobre a espécie, Dr. Paulo Braga. Esperamos que você goste!
O Projeto Caiman é uma realização:
- Instituto Marcos Daniel; @imdbrasil
- Projeto Caiman; @projetocaiman
Parceira:
- Instituto Últimos Refúgios; @ultimosrefugios
Texto:
- Bruna Eleutério; @artedevet
- Fernando Paulino; @inando.bio
Ilustração:
- Fernando Paulino; @inando.bio
Fotografias:
- Paulo Braga; @paulobraga.bio
Vídeo:
- Paulo Braga; @paulobraga.bio
Agradecimentos:
Projeto Jacaré; @projetojacareufrpe
Marcelo Renan Santos; @mrenansantos
Patrocínio:
- ArcelorMittal Tubarão; @arcelormittaltubarao
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