"Não me olha de banda que eu não sou quitanda". A popular expressão mineira tem correspondência no termo de origem tupi-guarani “îakaré”, que significa “o que olha de banda”. A expressão cai bem para descrever o olhar do jacaré-do-pantanal (Caiman yacare).
É um animal robusto que pode chegar a três metros de comprimento, mas inofensivo à espécie humana. Sua aparência assustadora mete medo em muita gente, que associa os jacarés aos imensos crocodilos que habitam o imaginário popular por cauda das histórias da Cuca de Monteiro Lobato, o Capitão Gancho e dos filmes de Indiana Jones. Afinal, a expressão “Cuidado com a Cuca que a Cuca te pega” já assustou muita criancinha por aí, não é mesmo? E o tic-tac insidioso na barriga do crocodilo que perseguia o Capitão Gancho a fim de terminar sua refeição? Assustador! Mas não se esqueçam, jacarés e crocodilos, apesar de serem répteis da ordem dos Crocodilianos, pertencem a famílias bem diferentes. Os jacarés são bem mais pacíficos e raramente atacam as pessoas. Sorte nossa!
Os chineses acreditam que o jacaré é um ser mágico, criador do canto e do tambor e que tem poderes sobre as águas e a terra. Possuiria o poder de harmonizar o mundo. Entre os antigos astecas o mundo teria nascido de um jacaré que vivia em águas primordiais. Porém, na mitologia egípcia o jacaré está associado à morte. Em outras culturas ele representa fecundidade, pois curiosamente, os jacarés ficam mais férteis à medida que envelhecem.
Não há dúvida de que são animais fascinantes e que precisam ser preservados, pois são importantíssimos ao equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.
Texto de Cristina Zampa Sanchez, bióloga e voluntária do Instituto Últimos Refúgios.
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