O Instituto Marcos Daniel é uma associação sem fins lucrativos e reconhecida pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Tem como objetivo promover a capacitação de pessoas para a conservação da natureza. As suas ações envolvem educação ambiental, pesquisas científicas e outras atividades juntos aos projetos que o IMD coordena. Um deles é o Projeto Chelonia Mydas, que desenvolve atividades em prol da conservação das tartarugas marinhas. Segue abaixo uma matéria sobre identificação de tartarugas, afinal é necessário conhecer para conservar.
[Para ter acesso à tabela com as principais características de cada espécie de tartaruga marinha, clique AQUI. Ele irá ajudar a diferenciar facilmente o animal que você encontrar.]
Você conhece as tartarugas marinhas brasileiras?
Tartarugas marinhas são répteis que passam a vida inteira no mar, exceto quando as fêmeas sobem às praias para desovar. Elas também são migratórias e conseguem atravessar oceanos para ir até suas áreas de alimentação em um continente e depois se reproduzir em outro. No Brasil, elas utilizam a costa litorânea para alimentação e reprodução, por isso podem ser avistadas tanto em alto mar, quanto próximas as praias. Existem apenas sete espécies de tartarugas marinhas no mundo. Dessas sete, cinco podem ser encontradas no nosso litoral: Cabeçuda, de Pente, Verde, Oliva e de Couro.
Como identificar uma espécie de tartaruga marinha?
As tartarugas marinhas são diferenciadas principalmente pela forma, cor e desenho dos seus cascos. Vamos começar pela mais fácil:
1- A tartaruga de couro (Dermochelys coriacea). Ela pode ser identificada pela sua coloração negra, com pintinhas brancas, azuladas e rosadas, sua mandíbula em forma de W e a ausência de unhas. Sua carapaça possui 7 quilhas longitudinais e é coberta por uma fina camada de pele que lembra o aspecto de couro, por isso o seu nome! Ela é a maior espécie de tartaruga marinha, podendo medir até dois metros de comprimento de casco e pesar até 750 quilos. A tartaruga de couro vive sempre em alto-mar, por isso é tão difícil de avistá-la. Porém, durante os meses de outubro a dezembro, as fêmeas podem ser encontradas no litoral do Espírito Santo, colocando seus ovos.
As quatro espécies restantes podem ser identificadas através da contagem do número de placas laterais na sua carapaça.
2- A tartaruga oliva (Lepidochelys olivacea) é a que apresenta o maior número, de 6 a 9 pares. É a menor das espécies brasileiras, podendo pesar até 50 kg. Seu nome se dá pela coloração verde oliva da carapaça. Se você quiser encontrar essa espécie adulta, viaje para a costa do Sergipe, que é o estado com mais desovas. Mas que quiser ver juvenis vá para o Ceará.
3- Se a tartaruga que você avistou possuir 5 pares de placas laterais, então você encontrou uma tartaruga cabeçuda (Caretta caretta). Ela tem esse nome por causa do tamanho da sua cabeça, que é relativamente desproporcional ao corpo. Na verdade, se você olhar com atenção, parece que as outras espécies que possuem a cabeça pequena demais. A tartaruga cabeçuda tem uma coloração marrom-amarelada e pode ser encontrada desovando principalmente na Bahia, de setembro a março, e se alimentando no litoral do Rio Grande do Sul.
Caso você encontre uma tartaruga com 4 pares de placas laterais, ela pode ser a “verde” ou a “de pente”. A diferença entre as duas espécies é a disposição das placas. Enquanto que a tartaruga verde tem as placas justapostas, ou seja, lado a lado, a de pente tem elas sobrepostas, como se fossem telhas. Além disso, o número de placas pré-frontais (placas “entre os olhos”) também é diferente entre as espécies, a tartaruga verde possui 2 pares e a de pente possui apenas um.
4- A tartaruga verde (Chelonia mydas) tem o casco verde-acinzentado e os filhotes possuem o dorso negro e o ventre branco. Seu nome vem da cor da sua gordura que é esverdeada. Quando juvenis se alimentam de algas e grama marinha, por isso são facilmente avistadas na costa brasileira. As fêmeas colocam seus ovos principalmente em ilhas oceânicas, como no arquipélago de Fernando de Noronha.
5- A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) possui uma coloração marrom-amarelada, margem da carapaça serrilhada e a boca é em formato de bico de gavião. Antigamente seu casco era usado na fabricação de pentes, daí o seu nome. Ela gosta de recifes de corais e águas costeiras rasas, por isso quando juvenil pode ser encontrada no arquipélago de Fernando de Noronha e Abrolhos. O Rio Grande do Norte é o local que mais possui desovas dessa espécie.
Agora que você já sabe identificar as tartarugas marinhas do Brasil, vamos falar um pouquinho das duas espécies que não ocorrem aqui:
1- A tartaruga de kemp (Lepidochelys kempii) é uma das menores espécies de tartarugas marinhas, os adultos medem até 75 cm de comprimento e pesam entre 35 e 45 kg. Sua carapaça possui formato oval com 5 pares de placas laterais e coloração verde oliva, porém quando juvenis são pretas. Está criticamente ameaçada de extinção e sua distribuição geográfica se restringe ao Golfo do México e Atlântico Norte. Seu nome se origina do pesquisador Richard Morre Kemp, que enviou o primeiro espécimen para ser estudado em Harvard.
2- A tartaruga de casco achatado (Natator depressus), como o nome já diz, possui o casco ligeiramente achatado, de coloração verde oliva ao cinza e com as bordas viradas para cima. Além de 4 pares de placas laterais. Os filhotes possuem carapaças cinzas com a borda branca e as placas distintamente delineadas de preto. Pode ser encontrada somente na plataforma continental da Austrália.
Agora que você já conhece as características de cada espécie, clique AQUI e tenha acesso a um guia de identificação de tartarugas marinhas. Ele irá ajudar a diferenciar facilmente o animal que você encontrar.